Em defesa dos mais novos
Todos reconhecemos o enorme impacto do encerramento das respostas sociais nas crianças, jovens, idosos e suas famílias.
Sensíveis para o mais que provável aumento do abandono precoce escolar, reforçámos, a distribuição de livros junto dos agregados familiares com crianças. Enviámos também material lúdico e educativo adequado a cada idade.
Com a interrupção das atividades letivas, as famílias foram confrontadas com a seguinte questão: “Como se ocupa uma criança durante duas horas ensinem-me” (extraído de “Que farei quando tudo arde?” de António Lobo Antunes). São muitas horas entregues a si próprias e à televisão, acompanhando os dramas familiares, sem qualquer ocupação estruturada.
Famílias vulneráveis, pobres, algumas delas disfuncionais, a depender de múltiplos cuidados:
Cinco filhos, com trabalho temporário em estrutura residencial para idosos. Fim do contrato. Novo recomeço. Riscos acrescidos, presenciando muitas mortes. Inevitável redução de trabalhadores. Novo recomeço. Que venham os livros e as charadas para animar os escassos encontros de família.
O desemprego arrastou-a para casa. Há que cuidar da família e melhorar as suas qualificações. Três filhos de 2, 7 e 14 anos. Como conciliar tudo? O pai continua com o seu modesto trabalho. Foi uma bela ajuda para ocupar as crianças.
Quatro filhos menores e avó, em confinamento. Contactos diretos nas escolas. Por via indireta, o pai também ficou confinado. Vidas penduradas em trabalhos ocasionais, preocupações, contas atrasadas. Os serões ficaram mais animados com os jogos em família.
Ficamos por aqui.
À Cáritas Paroquial continuam a ser pedidos bens para a casa, agasalhos, apoio alimentar, ajudas a pequenos melhoramentos, procura de emprego, empréstimos, medicamentos.
As colaborações de outras entidades públicas e privadas têm sido decisivas. Algumas comunidades têm mesmo tomado a iniciativa de contribuir com bens e dinheiro.
Reforçámos o acompanhamento telefónico. Ouvimos as aflições de pessoas infetadas.
A loja social continua a ser um sinal na reutilização de bens, com consequente redução de resíduos e pedagogia em termos da economia circular solidária.
Com o recomeço da escola à distância, são evidentes a escassez de equipamentos informáticos e acessos à internet.
Texto e fotografia: Diácono Raúl – Cáritas Paroquial Guias de São Lourenço (Óbidos)