Estimados amigos,
Apesar de não ter conseguido estar fisicamente presente, dos relatos que fui colhendo, ocorre-me de pensar que o Encontro Nacional Cáritas do dia 21 de maio terá sido uma verdadeira experiência de transformação pessoal e de grupo, à imagem, por ventura, das emoções vivenciadas no encontro com Jesus no Monte Tabor.
Fátima tem seguramente esse arrebatamento, ao permitir ao peregrino sossego, introspeção, distanciamento, purificação e transfiguração. E por isso penso, sem desejar forçar uma minha leitura, que todo o programa do encontro terá constituído uma oportunidade de regresso, de avaliação e renovação, ao oferecer uma consciência maior sobre as nossas origens, o nosso momento presente e o que o mundo espera urgentemente de nós, enquanto testemunho de discípulos nascidos da Caridade de Deus.
Na alegria da partilha fomos capazes de apontar que o exercício da Caridade precisa de maior compromisso e responsabilidade. Envelhecidos e cansados, os nossos grupos anseiam por novos voluntários, por jovens e menos jovens imbuídos de visão, criatividade e entusiasmo, sendo o clamor das pessoas que sofrem, o verdadeiro chamamento que se deve fazer ouvir na conversa com a Igreja, as suas comunidades e grupos paroquiais.
Se o choro sofredor foi o que levou Deus a chamar e a enviar Moisés ao seu povo escravo no Egito, também a vulnerabilidade, o abandono, a fome, a doença, o desemprego, a fuga de milhões de pessoas serão a razão por que as nossas Cáritas Paroquias se hão-de renovar com novos convocados e enviados. A nós, neste processo de renovação, cabe-nos sobretudo iluminar, pela ação, o que a indiferença, a apatia, o descarte do mundo ignoram ou negligenciam: os mais pobres, os migrantes, os refugiados.
Resta-me agradecer, nesta breve nota, a participação dos que conseguiram estar fisicamente presente e dos que, pelas mais diversas e justas razões, acompanharam à distância os trabalhos do encontro.
O dia terminou com o “envio” de todos. Que esta missão de ir ao encontro não se esgote no tempo e viva energizada e impulsionada pela transfiguração do Tabor.
Luís Macieira Fragoso – Presidente CDL