Desde 2017, quase 6 milhões de venezuelanos migraram para países vizinhos na América Latina devido à instabilidade política e socioeconómica no país.
O país sofreu um progressivo e massivo empobrecimento da população entre 2014-2022, alimentado por uma escalada da crise económica e humanitária caracterizada pelo colapso total dos serviços públicos, a ausência de água potável, a falha constante do sistema elétrico, a deterioração dos sistemas de saúde, a escassez de alimentos e medicamentos, a perda de poder de compra, com a maior inflação do mundo (o salário base era mais ou menos equivalente a 2 USD em 2019 e agora é de 30 USD).
Hoje, na Venezuela, as comunidades são afetadas por uma crise complexa tripla: pobreza causada pela atual crise humanitária, migração (quase 7 milhões de venezuelanos fugiram de seu país nos últimos anos deixando crianças sob os cuidados de idosos e vizinhos) e alterações climáticas. Os efeitos recentes das chuvas e inundações em todo o país, com um triste saldo de mortes e danos, mostraram claramente como comunidades já fragilizadas carecem de infraestruturas básicas e são especialmente vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.
A Caritas Venezuela conta com uma vasta rede de dioceses em todo o país, incluindo centenas de paróquias e mais de 20 mil voluntários, que trabalham em estreita colaboração com as comunidades locais, fazendo de facto parte dessas comunidades. A Caritas Venezuela responde à crise humanitária desde 2017 por meio de projetos financiados pela Confederação Caritas Internationalis e em estreita cooperação com as agências da ONU.
A intervenção mais relevante liderada pela Caritas Venezuela é o projeto SAMAN (monitorização da desnutrição, através da qual, em todas as suas paróquias e em 23 estados do país, a Caritas Venezuela avalia a situação nutricional de crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas ou lactantes. A Caritas Venezuela também organiza regularmente nas usas paróquias cozinhas para o tratamento de alimentos e oferece consultadoria em saúde, tendo alcançado pelo menos 200 mil pessoas entre 2021 e 2022. Com o projeto TENGO, tem melhorado a segurança alimentar de 4 mil famílias vulneráveis. O projeto funciona através da distribuição de vales que servem também para capacitar os mercados locais.
Nos países fronteiriços (incluindo o Brasil, a Colômbia, o Equador, o Peru e o Chile), a Caritas tem implementado projetos com organizações membros da Caritas Internationalis, com governos, com o financiamento da ONU e com outros parceiros, para ajudar milhares de migrantes venezuelanos com proteção, alimentação, abrigo e serviços de saúde. As barreiras à integração dos migrantes têm de ser superadas através do estatuto de residente, do acesso à educação, e de estratégias de formação e integração cultural que permitam aos migrantes viver com dignidade.
Texto: Caritas Internationalis, com tradução e adaptação CDL; fotografia: Google Pics