A GÉLIDA ESCURIDÃO DO BAIRRO DA TORRE
A situação do Bairro da Torre (Camarate-Loures) dói a todos, pelo menos aos que ontem estiverem reunidos com a Senhora Vereadora da Ação Social da CM de Loures. 50 Famílias estão sem eletricidade há mais de um ano e pelo menos 30 sem casas de banho. E quando chove e o vento sopra forte, gelado, as barracas são autênticos céus abertos, onde sobretudo as crianças e os mais idosos sofrem, devendo frequentemente ser transportados para os cuidados de um hospital, para receberem oxigénio.
O Bairro da Torre dói muito a quem sabe o quanto hoje não se pode estar sem eletricidade, sem sanitários, água e mínimos de conforto. E porque dói, porque é vergonhoso, sub-humano, e porque não se compreende que assim seja, quando não temos uma cidade de Lisboa ou um país às escuras, a Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) propôs reunir com o Presidente da CM de Loures para que esta total injustiça se pudesse resolver o mais rapidamente possível.
O Bairro, a Comissão de Moradores, têm tido a proximidade de várias entidades, a começar pela paróquia de Camarate entregue os Missionários Combonianos, a quem se juntaram a Gestual (Grupo de Estudos Sócio-Territoriais Urbanos e de Ação Local). A Cáritas de Lisboa tem também estado presente desde que elementos das famílias do Bairro participaram na Vigília pela Paz de 2017, e agora com maior intensidade depois que o Bairro da Torre, no seguimento do desafio lançado pelo advogado Garcia Pereira, se tornou compromisso do Fórum “My Precious – Uso das Coisas, Quando o mundo não pode ser de ninguém”, coorganizado pela IMPOSSIBLE – Passionate Happenings e a Cáritas de Lisboa.
A falta de energia elétrica, capaz de suportar máquinas de lavar roupa, frigoríficos e aquecedores, podia resolver-se num estalar de dedos, se a EDP se envolvesse mais. Evitavam-se as puxadas e todos os riscos que delas advém. Mas não tendo sido convidada, a EDP também não esteve ontem à mesa com CM de Loures, a Gestual, a Cáritas de Lisboa e a Paroquia de Camarate. Por isso, se voltou a sugerir a utilização de geradores (que já lá estiveram), até que uma conversa séria com a EDP não aconteça e o problema se resolva com o seu apoio. Mas todos têm plena consciência que geradores, painéis solares, puxadas ou outras estratégias não são solução para quem não vai sair do Bairro tão depressa, infelizmente. Por isso, estes serão sempre estranhos e desadequados caminhos sem a EDP.
Das 62 famílias, a CM de Loures já conseguiu realojar 12 e espera que o número de famílias realojadas em janeiro totalize as 21. Mas o realojamento das restantes, ainda que urgente, permanece sem calendário. A Gestual propõe que se construa num terreno a lado do Bairro, uma ideia que não desagradou à Vereadora, mas que vai ter de saber se é de todo possível construir ali. E também propôs a aquisição ou aluguer de contentores-sanitários para as famílias que não os têm.
No final, o acesso imediato à energia elétrica, através de geradores, e a colocação de sanitários foram as ideias cujos custos ficaram de ser rapidamente estudados e partilhados com todos. É Missão da Cáritas de Lisboa estar onde é necessário. E ontem esperava mesmo assumir uma concreta colaboração, caso tivesse sido possível conhecer com total rigor os custos das medidas pensadas e a CM de Loures se tivesse também claramente prontificado a partilhar uma eventual despesa.
Até que a EDP não se disponibilize para com todas as partes resolver esta gélida escuridão, estes vão ser mesmo os próximos desenvolvimentos, que também não descartam recorrer a puxadas mais engenhosas, se tal se colocar estritamente necessário.
Texto: CDL; Fotos: Google Pictures
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