Ser professora num Agrupamento inserido num bairro social é um desafio de serenidade, de criatividade e de amor. Amor à profissão de professora, aos alunos e há disciplina que represento, que ajuda os alunos a crescer numa educação integral, como cidadãos conscientes, ativos e proativos na construção de um mundo melhor.
Num bairro fechado em si mesmo, numa cultura que se mantém e se propaga de geração em geração, em que Lisboa tem tantos locais desconhecidos, como se de um país estrangeiro se tratasse. Tantas crianças que conhecem tão pouco a sua cidade, restringidas à área circundante do seu bairro.
Muitas famílias que não valorizam a escola, analfabetos e iletrados de tantas realidades básicas e comuns. Onde se vive tantas vezes sem horários, sem o esforço do trabalho, dependentes de subsídios e do ócio. Por vezes, alguns trabalham sós em setores humildes para trazerem o sustento de cada dia.
Crianças que na escola e nas visitas de estudo conhecem outras realidades bem diferentes das suas, mas ao voltar a casa e ao bairro têm famílias desestruturadas da autenticidade do ser, do saber e do como ser. Alguns filhos de presos, outros carentes de afeto e de regras, em que com o passar do tempo se cresce copiando o que se tem todos os dias em casa. Mas, se alguns conseguem quebrar estas influências e seguir outros caminhos, onde um curso profissional abre as portas a outra realidade laboral, outros repetem o padrão que gerações anteriores fizeram e uma parte ainda diminuta, com pais ainda conscientes chegam à faculdade.
Ser professor não é fácil, mas é um ato de amor pelo saber e por fazer a diferença nos afetos e regras que fazem tanta falta a tantos…
Cláudia Almendra Martins, professora de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC)