CRISE HUMANITÁRIA E A AJUDA À CARITAS UCRÂNIA
Antes do início da invasão militar russa, que não se esperava que acontecesse, a Cáritas Ucrânia, com uma história de 30 anos, concentrava muita da sua intervenção no leste do país, no apoio às vítimas de um conflito militar que já dura há 8 anos, com 14 mil vítimas mortais, 1,5 milhão de pessoas a fugir de suas casas, e cerca de 2,9 milhões a precisar de proteção humanitária.
Neste período, a Cáritas ajudou quase 950 mil pessoas nas áreas afetadas, começando pelas que vivem em condições mais vulneráveis, e graças ao apoio incansável de mais de 2 mil funcionários e voluntários. Os seus programas compreendiam a distribuição imediata de alimentos, de água, a oferta de apoio psicossocial, de cuidado domiciliário, em áreas de difícil acesso, de meios de subsistência e de desenvolvimento comunitário. E ao prever uma escalada do conflito, a Cáritas foi criando, sobretudo desde o verão de 2021, equipas de profissionais e voluntários, para aumentar a sua capacidade de resposta às necessidades das comunidades locais e fortalecer a sua rede, e instalou centros de acolhimento temporário para garantir assistência aos deslocados internos. E como se dois anos de crise sanitária não tivessem bastado para agravar esta situação já de si difícil, junta-se-lhe agora a invasão militar russa, e com ela, uma catástrofe humanitária de enormes proporções, e com efeitos mundiais.
Neste atual cenário de guerra por toda a Ucrânia, é indispensável para a Cáritas garantir que todas as pessoas têm acesso à assistência humanitária, particularmente os mais vulneráveis, e que a liberdade de movimento é garantida aos que procuram fugir do conflito.
Para sustentar o trabalho da Cáritas Ucrânia (de rito ortodoxo) e da Cáritas-Spes (de rito latino), a Caritas Internationalis lançou um apelo de emergência, que permitirá ajudar cerca de 13 mil pessoas em diferentes partes do país, e especialmente em áreas críticas como Kramatorsk, Rubizhne, Zaporizhya, Volnovakha , Mariupol, Kharkiv, Dnipro, Kiev, Zhytomyr, Odesa, Ivano-Frankivk. Também as Cáritas da Polónia, Moldávia, Roménia, Hungria e Eslováquia estão neste momento a prestar assistência humanitária e informação segura aos milhares de refugiados que estão a atravessar estas fronteiras (mais de 2 milhões, com 4,5 milhões de deslocados internos)
Também a Cáritas Portuguesa, com todas as Cáritas Diocesanas e Paroquiais do país, está a apoiar a intervenção da Cáritas na Ucrânia e nos países fronteiriços, que prestam ajuda humanitária, com bens inicialmente angariados, e agora com dinheiro de uma campanha nacional que decorre online, sendo que 20 mil foram logo imediatamente doados pela Cáritas Portuguesa, no início do conflito – dinheiro que irá servir para a aquisição de abrigos, alimentos, medicamentos, água, kits de higiene, e outros bens necessários ao bem-estar dos refugiados.
Por outro lado, com a entrada de milhares de refugiados em território português, a Cáritas também está a organizar-se de forma a poder colaborar com o poder político central e local no acolhimento e integração destas pessoas, com programas que vão do ensino do português ao alojamento, escola dos mais novos, e oferta de trabalho.
Texto: CDL; fotografia: Google Pics