Caritas Cuba
Numa altura em que milhares de cubanos se manifestam nas ruas de Havana e de outras pequenas cidades, contra a escassez de alimentos, de medicamentos, e gritam por liberdade, em clara oposição ao atual regime, poderá fazer total sentido uma referência a uma das poucas organizações não-governamentais independentes no país, a Caritas Cuba, pois esta, no território cubano, é luz onde há necessidade.
Com 30 anos de fundação (1991), a Cáritas Cuba atua através de onze Caritas diocesanas e cerca de seiscentas Caritas paroquiais e comunitárias. Nestes 30 anos, através da formação sistemática de voluntários, animadores, educadores e de outros colaboradores, a organização não cresceu apenas em qualidade, mas também em quantidade, ao passar de 33 mil beneficiários, em 2014, para 51,3 mil em 2019.
Impressionante o compromisso com a fé e o amor ao próximo de uma vasta e incansável rede de voluntários, formada por mais de três mil pessoas em toda a ilha, metade dos quais com mais de 60 anos, sendo que muitos destes estão na organização desde a sua fundação.
Uma importante campanha anual de angariação de fundos decorre entre maio e agosto, mas na gestão da sua missão, munida de uma equipa de profissionais, tem sido importante a colaboração internacional de outras Cáritas e da organização irmã Friends of Caritas Cubana, composta por cubanos da diáspora e de pessoas de várias nacionalidades.
Com seis programas que vão do desenvolvimento humano à formação, a Caritas oferece estratégias de transformação que visam o bem-estar das pessoas que ajudam. Neste momento, no âmbito do programa para os adultos e suas famílias, a Caritas Cuba está a organizar o VI Encontro de Comunicação Social, para falar de como tem decorrido a comunicação com os adultos durante a pandemia, em tempos de maior isolamento.
Sendo sua missão a promoção de iniciativas que ajudem a descobrir e a promover a dignidade de cada pessoa, no atual contexto de confrontação política, social e económica, a Caritas Cuba irá continuar a estar próxima de quem estiver a sofrer diferentes formas de pobreza e os seus efeitos. Os bispos católicos apelam ao fim da violência e do confronto nas ruas, mas referem ao mesmo tempo, que o povo tem o direito de expressar o seu descontentamento, as suas necessidades, desejos e esperanças, e que uma solução justa e adequada terá de ser encontrada através de um caminho conjunto.
Texto: CDL; fotografia: Caritas Cuba