Testemunhos
Testemunho 1
O encerramento por decreto de todas as instituições sociais, logo no início da pandemia, tocou especialmente a nossa situação, a dos “Avós da Galiza”, que nos encontrávamos diariamente no nosso centro de convívio da Misericórdia de Cascais.
Perante a inevitabilidade deste encerramento pela ameaça desconhecida e mortal do vírus para as nossas idades, também percebemos que iriamos correr outro grande e perigoso risco, o de ficarmos prisoneiros nas nossas casas, por tempo indeterminado – situação que se mantém até hoje, enquanto a vacina não for a solução.
A pretexto do pão fresco, começámos a ter uma equipa a passar diariamente pelas nossas casas, não entrando para além do portão, com todos os cuidados e prevenções recomendados – mascara, viseira, gel, muito gel, e, acima de tudo, transportando o bem mais precioso: O TEMPO, o tempo para ouvir falar dos nossos medos, do desconhecido, mas também das nossas memorias.
Cada passagem pela porta de casa de qualquer um nós, foi sempre um encontro de amigos, “de pôr uma conversa em dia”, um tempo de amor. As fotos que nos tiravam também ajudavam a avaliar o nosso estado e serviam para fazer os primeiros contactos com os nossos médicos de família. Foi um tempo em que tudo estava fechado, e tudo tinha que ser conquistado com muito esforço.
A partir de maio, com a possibilidade de pequenos encontros ao ar livre, fomos começando a encontrar-nos em pequenos grupos, em espaços de “estar”, construídos nos bosques e nos tanques da Galiza. A música, o desenho, o movimento, a conversa foram o pretexto para estes reencontros tão desejados por todos nós.
Todo este tempo abençoado aconteceu até dezembro, altura em que, confrontados com o agravamento da pandemia, voltámos novamente ao confinamento das nossas casas.
Mas logo em janeiro, uma nova etapa começou com a adaptação de uma carrinha conquistada em abril, graças à Lusíadas Saúde e American Healthcare. Transformada num centro-móvel de correio e partilha de informação, a carrinha passa semanalmente nas nossas casas para deixar a correspondência trocada entre o grupo, as fatias de bolo caseiros, os limões colhidos nas hortas de alguns de nós, os chás medicinais, as receitas de fortalecimento com mezinhas antigas, as máscaras necessárias, e os desenhos, entre outros. A carrinha também é utilizada para nos levar a fazer exames de saúde, e agora para a vacinação.
Mais fortalecidos pelo caminho feito, desde o início da pandemia, apesar de cansados do tempo alterado em que vivemos, acolhemos e envolvemo-nos ativamente no projeto, onde não só nós, mas as nossas famílias e a equipa que nos acompanha, se colocam e movimentam sob a proteção de Nosso Senhor. Com todos vão-se projetando novos caminhos. Apesar das nossas avançadas idades, queremos abraçar novos desafios, por isso nos entregamos à Caridade que de nós cuida, todos os dias da nossa vida.
“Ficarás de pé diante do que tem cabelos brancos; honrarás o rosto de quem é ancião. (Lev 19:32)
Testemunho 2
Quero aqui agradecer a todos vós esta obra de Deus, toda a ajuda que nos deram, num momento tão difícil das nossas vidas, em que eu e a minha família tivemos necessidade de tudo em nossa casa. A Cáritas foi o socorro de Deus na nossa vida.
Estando numa situação de irregularidade em Portugal, vós nos ajudastes de várias formas, durante algum tempo, a fazer face às despesas que tínhamos. Estamos eternamente gratos a Deus e a vós.
Que esta obra caridosa possa continuar ajudando mais famílias necessitadas, principalmente nesta altura tão delicada das nossas vidas. Que Deus continue a dar-vos as condições necessárias na prossecução deste fim, o de ajudarem famílias a reerguer-se.
Peço a Deus que abençoe sempre mais todas as pessoas que trabalham de coração nesta obra. Estarão sempre presentes nas nossas orações.
Muito obrigado. Que Deus vos abençoe.
Testemunho 3
Sou a Bruna. Tinha um pequeno café, a dada altura tive que o fechar por completo. Com duas crianças a meu cargo, precisei de apoio.
No início recebia bens vindos do Banco Alimentar, mas eram muito poucos. Foi por isso fundamental o apoio da Cáritas, de quem comecei a receber tickets-refeição para poder comprar outros bens alimentares fundamentais, e material escolar para o meu filho mais velho. Em dezembro recebemos um reforço de produtos de higiene e brinquedos.
Tudo junto tem sido uma grande ajuda na minha vida, nesta fase mais difícil.
O trabalho dos voluntários é de louvar, estão sempre prontos a ajudar, a receber-nos e a escutar. Sei que também se preocupam muito com campanhas para angariar o que falta aos mais desfavorecidos.
Obrigada por tudo do fundo do meu coração.
Testemunho 4
Neste tempo de pandemia é enorme a confusão entre nós, mais novos. A nível do ensino à distância, têm sido imensas as dificuldades: as nossas famílias, muitas vezes desestruturadas, não nos conseguem apoiar; não temos computadores. As cantinas sociais deixaram de garantir a nossa alimentação. Está tudo muito complicado.
Tem sido pela ação positiva da Caridade, daquela que é amor, afeto, que este grupo de 18 jovens que somos consegue fazer face todos os dias às necessidades e exigências da escola online. Temos um lugar onde estar, onde seguir as aulas, onde estudar, e o almoço já não é uma preocupação.
São as parcerias do bem, da verdade, como a que existe entre a Santa Casa da Misericórdia da Amadora e a Academia do Johnson, que nos protegem e mantêm a salvo dos efeitos dramáticos desta pandemia, a quem agradecemos, dando graças a Deus pela Caridade do amor e do afeto.
Obrigado.
Testemunhos apresentados na Vigília de Oração Cáritas – Semana Nacional 2021