LOJA SOLIDÁRIA – 10 anos de um voluntariado sem preço
Quando se celebram os 10 primeiros anos de funcionamento da Loja É Dado (2009-19), impõe-se, como dever inevitável, o seu balanço.
O projeto teve início em 2009, em pequenas instalações da CDL, em Carnide, onde já se fazia a entrega de alguma roupa a pessoas carenciadas, apoiadas pela instituição. Elaborada por um grupo de voluntários, e com aprovação da Direção, a iniciativa mostrou-se inovadora, pois preservava a dignidade de quem se encontrava em situação económica difícil. O seu funcionamento foi sempre parecido com o de uma loja normal, com a diferença, porém, de que não havia lugar a qualquer pagamento.
No início, a abertura fazia-se às terças, quintas e sábados, com trabalho quase exclusivamente garantido por um número apreciável de voluntários. A estes competia, não só o atendimento dos utentes, mas também a triagem dos artigos doados, e a arrumação da loja.
A quantidade de utentes e de doações foi tornando impraticável, naquele espaço, a manutenção da loja e do seu stock, passando o armazenamento e triagem a serem feitos em sucessivos espaços cedidos pelo BCP, em diferentes pontos da cidade de Lisboa – uma situação que levaria à dispersão de voluntários e ao seu gradual abandono do projeto.
Atualmente, e assegurado apenas por voluntários, o projeto contínua em moldes muito semelhantes aos da sua criação, mas agora em instalações próprias da CDL (em Campolide), numa combinação, no mesmo espaço, de loja e armazém, o que, do ponto de vista da logística, é muito mais eficiente. Contudo, o número de voluntários é consideravelmente mais baixo, com apenas 4 permanentes e outros 2 menos disponíveis. Deste grupo de 6, apenas 2 pertenceram ao grupo inicial.
Pontualmente têm colaborado nas atividades de triagem e arrumação grupos de estudantes da Escola de Enfermagem de Lisboa e do ISEG, e de alunos da La Rochelle Business School, nos meses de Maio a Julho.
Tentativas levadas a cabo pela CDL, para conseguir mais voluntários, não têm tido grande sucesso, porque é difícil fixar pessoas num trabalho que é exigente, por vezes mesmo desagradável, tanto pelo mau estado dos artigos doados, como pelos estados psicológicos dos utentes afetados pelas mudanças radicais, que a crise económica trouxe às suas vidas.
Assim, é de agradecer e louvar a dedicação persistente e empenhada deste pequeno grupo, que, por vezes com o sacrifício das suas vidas pessoais, continua a assegurar, semanalmente, o funcionamento da loja.
Texto: Voluntárias da Loja Solidária; fotos CDL e Viviana Modica