UMA IGREJA PARA TODOS
Na mensagem para o último Dia Internacional das Pessoas com Deficiência o Papa Francisco retomou o tema da cultura do descarte e como esta afeta igualmente estas pessoas. Apesar do Papa reconhecer passos relevantes a verdade é que persistem ainda atitudes de rejeição da pessoa com deficiência, apesar dos bons exemplos de verdadeira inclusão.
A primeira etapa passa por afirmar a evidente dignidade de cada pessoa. Deste modo, não existe nenhum ser humano de segunda ou de terceira. Apesar disto, muitas vezes, as pessoas com deficiência acabam por viver num profundo isolamento, longe da independência e autonomia que podem alcançar e com pouca participação na vida da comunidade.
No entanto, o Papa é claro ao afirmar que “uma primeira «rocha» sobre a qual construir a nossa casa é a inclusão”. O que apenas é possível através da participação efetiva e da valorização total do outro. A finalidade não é apenas cuidar na medida do necessário, mas acompanhar e reforçar a dignidade e promover uma efetiva participação na comunidade.
A inclusão é um processo exigente, necessita de esforço, conhecimento, mas ao mesmo tempo é enriquecedora de todos. É apenas através do contacto que nos conhecemos e acabamos por olhar e saber estar de uma forma natural e mais humana para quem tem uma diferença.
O primeiro passo na inclusão é a acessibilidade. Ao contrário do que possa parecer, não se trata apenas do acesso a um edifício, ou ao lugar de culto, ou à sala de catequese. É também a linguagem gestual ou um livro em braile, a escrita simplificada e um sistema de comunicação como o SPC (Símbolos Pictográficos de Comunicação). Assim como no campo digital.
No âmbito da inclusão, o Serviço Pastoral de Apoio à Pessoa com Deficiência do Patriarcado de Lisboa tem desenvolvido projetos de mapeamento das acessibilidades das paróquias. A primeira etapa em Cascais está concluída. A segunda, em Oeiras, em vias de conclusão. A participação das Paróquias e o interesse dos seus responsáveis têm sido bastante positiva.
A expetativa é prosseguir com este projeto com o propósito de que cada um se sinta mais próximo, mais incluído, mais acolhido e com a maior autonomia possível.
A inclusão é uma função de cada um de nós. Aliás, incluir é em última análise a forma pela qual a comunidade se adapta às necessidades do outro, ao mesmo tempo tornando-o parte de um todo, numa verdadeira pertença.
Esta vontade de pertença, característica de cada um de nós, pode ser o motor para a construção de uma comunidade mais rica. Em concreto o serviço pastoral a pessoas com deficiência do Patriarcado de Lisboa propõe duas iniciativas como primeiros passos para alcançar este objetivo:
Projeto Igrejas acessíveis onde cada vigararia, paróquia ou igreja pode participar na medida da sua disponibilidade. Implica um contacto com o serviço pastoral a pessoas com deficiência, através do email pastoraldadeficiencia@patriarcado-lisboa.pt, para receber as instruções necessárias à recolha de dados.
Rampas para Jesus é um grupo de partilha de ideias e experiências, com compromisso de uma reunião mensal, para em conjunto encontrarmos formas de inclusão adaptadas às necessidades de cada paróquia. Para participar é necessária a nomeação pelo prior como representante Rampas para Jesus da respetiva paróquia. Basta que o representante conheça a realidade paroquial e tenha vontade de aprofundar o acolhimento a pessoas com deficiência na sua paróquia.
Em conjunto podemos construir uma Igreja para Todos.
Texto: José Maria Marrecas Ferreira e Carmo Diniz pelo Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa; fotografia: Google Pics